Preocupada com o risco de perder sua cabeça de ponte estratégica no quintal dos Estados Unidos, a Rússia advertiu os americanos a não intervir militarmente na Venezuela e previu que o impasse atual no país pode acabar em um "banho de sangue".
Em nota, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia manteve o reconhecimento do ditador Nicolás Maduro e advertiu que o estabelecimento de um governo paralelo liderado pelo opositor Juan Guaidó é uma via para a "anarquia e o banho de sangue".
Já o adjunto do ministério, Serguei Riabkov, disse à agência Interfax que uma eventual ação militar estrangeira, liderada ou estimulada pelos EUA, levaria a um "cenário catastrófico" no país.
Ao longo dos anos, tanto a Rússia quanto a China estabeleceram uma forte parceria para sustentar o regime chavista. Enquanto Pequim optou pela via do poder do dinheiro, tornando-se a maior credora de Caracas, Moscou criou laços geopolíticos lastreados também em poder militar.
De 2005 para cá, estima-se que a Rússia tenha vendido entre US$ 11 bilhões e US$ 20 bilhões em armamentos para a Venezuela, que tornou-se no começo da década a segunda maior compradora de produtos bélicos russos.
Não se pode levar isso, contudo, pelo valor de face. Hugo Chávez e Maduro sempre fizeram financiamentos com os russos dando petróleo como garantia e pagamento, e autoridades em Moscou se queixam reservadamente de calotes.